quinta-feira, 11 de março de 2010

POR FALAR EM VINHOS... (2)


... muito interessante a análise de preços de vinhos que faz a Revista Adega número 51 (Editora Inner). O exemplo foi a formação do preço do Chateau Lafite Rothshild e sua história.
O assunto preço, a relação custo benefício e o quanto cada consumidor está disposto a pagar por um vinho são assuntos constantes não só na nossa confraria mas em qualquer reunião que se tenha pelo menos dois apreciadores.
Para iniciantes, pode parecer absurdo pagar mais que R$ 100,00 por uma garrafa. Para conhecedores, absurdo seria pagar mais que R$ 300,00. E para os especialistas, absurdo seria pagar mais de R$ 1.000,00 por garrafa. Bem, para quem pode, o maior dos absurdos é pagar menos de R$ 20,00 por uma garrafa...
Concordamos com todos. Cada um paga aquilo que acha que o vinho merece. E ninguém tem nada com isso, a não ser o vinicultor...
Estando num novo pólo vitivinícola, que engatinha no mercado nacional, temos acompanhado as dificuldades dos produtores da região para se inserir neste mercado. Temos visto críticas tanto na imprensa especializada quanto na internet de que os preços daqui são muito altos.
O fato é que o custo de produção numa região montanhosa, aonde as terras cultiváveis dificilmente chegam à metade do todo do terreno, produzindo se respeitando as áreas de preservação permanente e a reserva legal exigida pelas leis nacionais, com pedregosidade aflorando, encostas íngremes que impedem o plantio, sem falar nos riscos de geadas tardias que queimam as videiras no inicio do seu ciclo ou as temíveis chuvas de granizo, fica difícil se produzir uva a preço baixo. E este custo de produção elevado acaba se refletindo nos vinhos aqui produzidos.
Além disso, é alto o custo de tornar conhecida uma região que acaba de completar 10 anos do seu primeiro plantio, que foi realizado pela Quinta da Neve Vinhos Finos no ano 2000. Para piorar o fato de ser uma região com acesso dificultado se partindo dos grandes centros consumidores. Ou seja, em vez de os consumidores virem até aqui conhecer os vinhos, os vinhos tem que ir até os consumidores. Agrava ainda a região ter um dos mais baixos IDH do estado de Santa Catarina, o que faz com que a produção de uvas esteja em sua maioria na mão de empresários de outros centros que apostaram nesta região e tem outras fontes de renda para aguardar o retorno do capital aqui investido. Isto não tem peso critico, muito pelo contrário, é graças a eles que este pólo está se formando. Mas o que se deseja destacar é que numa região de baixa capacidade de investimento são poucos os “nativos” envolvidos com a produção, pelo seu alto custo. Um exemplo é a Família Suzin.
Então, quando o consumidor se depara com um vinho na prateleira ou numa adega adequada, deve pensar que por trás daquele vinho estão várias pessoas que laboraram para se chegar a este produto final, com riscos, suor, sangue e lágrimas!
Somente aquele que também labuta e recebe seu provento sabe avaliar quanto seu conhecimento de vinho e seu bolso permitem desembolsar por uma garrafa, custe ela R$ 20,00 ou mais de R$ 1.000,00.
Em qualquer das hipóteses, delicie-se com esta garrafa, ainda mais se estiver (bem) acompanhado. Pois se você comprou uma garrafa, já se tornou no mínimo um apreciador!
Delicie-se ainda mais se for um Chateau Lafite Rothshild ...

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